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O QUE É MELHOR, TERAPIA OU MEDICAÇÃO?

O QUE É MELHOR, TERAPIA OU MEDICAÇÃO?

 

Milton de Paula Junior

CRM/PR 20.266 | RQE 12.335/16.982

Psiquiatra e terapeuta cognitivo

Coordenador do Centro de Terapia Cognitiva Veda

Polo Maringá – Paraná/Brasil

 

Todos os dias nós, terapeutas, nos deparamos com essa questão. Pacientes com indicação de terapia que querem tomar medicação, e pacientes com indicação de medicação que se recusam terminantemente, querendo resolver tudo na terapia. Como lidar com isto?

Não é uma questão simples. Manter um paciente somente em terapia quando há uma clara necessidade de medicação pode tornar a terapia infrutífera, e por vezes mesmo perigoso para o paciente e aqueles que o cercam, pelo risco de suicídio e até homicídio; por outro lado, tentar solucionar os problemas pessoais dos pacientes com remédios só vai agravá-los ainda mais, pois obviamente não existe medicação para os problemas do mundo, e o paciente pode se sentir ainda mais frustrado, por tentar resolver algo e não conseguir.

Apesar da questão ser complexa, a resposta é até simples: o que for melhor para o paciente. Estudos mostram que os resultados mais efetivos para a melhora dos pacientes acontecem com a combinação de terapia + medicação. Isto não quer dizer que todos os pacientes devam estar medicados E em terapia.

Todos os pacientes que procuram ajuda paO que é a DBT e como ela funciona?ra problemas psíquicos obviamente estão precisando, com raras exceções. Esses problemas vão desde problemas leves, como questões afetivas (embora problemas simples muitas vezes gerem um sofrimento extremo), até doenças graves como esquizofrenia. O limite entre o sofrimento pessoal e a doença é muitas vezes tão tênue que frequentemente é difícil de ser identificado.

Basicamente podemos dizer que passa a ser doença quando o sofrimento relatado pelo paciente é significativo e/ou gera alguma limitação na vida da pessoa, além, claro, quando o indivíduo está psicótico, tendo perdido o contato com a realidade. Geralmente os pacientes não sabem diferenciar o que é doença ou não (muitas vezes nem nós sabemos!), então procuram o primeiro profissional da mente que “acham” que os ajudaria, e aí entram psicólogos, psiquiatras, neurologistas, terapeutas de vidas passadas, uma infinidade de outros terapeutas, homeopatas, clínicos gerais e qualquer outro profissional que se proponha a ajudar nos problemas da psique, gabaritado ou não. Cabe a nós (quando eles nos procuram), definirmos o rumo do tratamento.

Os principais motivos que mobilizam os pacientes a procurar tratamento psicológico são sintomas depressivos e ansiosos. Tristeza, desânimo, angústia e mal estar estão entre as queixas que mais ouvimos no nosso dia-a-dia. Tais sintomas geralmente estão relacionados a problemas pessoais, como dificuldades de relacionamento, problemas afetivos, problemas familiares, financeiros, profissionais e todos os outros que insistem em trazer sofrimento à já conturbada vida da modernidade. Em nossa primeira avaliação começamos por fazer nossa hipótese do diagnóstico e da gravidade do caso, sempre sabendo que é uma hipótese, e como tal pode (e deve) ser revista ao longo de todo o tratamento.

A postura adequada do profissional “psi”, desde a avaliação inicial, é entender o caso e o potencial risco de suicídio (quando existe). Isto vai nortear o rumo do tratamento.

Caso leve                 Caso grave                Doença leve               Doença grave

Existe um continuum, que vai definir ser o caso de medicação, terapia ou ambos. Em um extremo desse continuum estão os casos leves, problemas relacionados a áreas específicas, que incomodam, mas não necessariamente trazem maiores perdas ao paciente. Caminhando por esta linha no sentido da gravidade estão os problemas mais complexos, que envolvem várias coisas ao mesmo tempo, e que começam a trazer sofrimento significativo. Passando para o lado da doença, já há algum tipo de perda ou limitação em algum aspecto da vida da pessoa, e por fim no extremo da doença grave há uma limitação quase completa na vida da pessoa.

Levando em consideração esse continuum, é definido a indicação do tratamento. Em casos leves geralmente não é necessário medicação, sendo a primeira indicação a psicoterapia. Em casos mais complexos ou já nas doenças leves, o caso deve ser avaliado individualmente, e nesse processo deve ser levado em conta o sofrimento do paciente, considerando a máxima de que nunca deve haver sofrimento desnecessário, ou seja, se a indicação é a psicoterapia, mas a pessoa pode beneficiar-se da medicação para aliviar ou acelerar a melhora, então há indicação de ambos, e vice-versa, se há indicação de medicação, mas a psicoterapia vai ajudá-la a lidar melhor com os problemas e dessa forma melhorar a angústia, então também as duas devem ser associadas. Em casos graves geralmente há uma alteração psicopatológica cerebral, e a pessoa está tão desligada da realidade que pode não haver uma brecha para a atuação da psicoterapia, podendo ser ela inefetiva no começo, e em geral sendo necessário alguma melhora com a medicação para só então ser indicada. Nunca podemos deixar nossas decisões serem influenciadas por qualquer tipo de preconceito, seja ele qual for. Há uma vida à nossa frente, que poderia ser nossos pais, filhos, irmãos.

Ver os nossos pacientes como um todo, como um ser humano em um contexto biopsicossocial, uma pessoa que pensa e que sente, e não como um emaranhado de sintomas à procura de um diagnóstico é a chave para o melhor entendimento de sua angústia, e assim ajudar aqueles que nos procuram em um momento de tanta fragilidade. Tão importante quanto o conhecimento técnico de cada área é o interesse genuíno na melhora daqueles que estão sofrendo, e se conseguirmos entendê-los em sua plenitude, aí sim podemos estar tranquilos pois estamos fazendo o melhor possível por eles.

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